Estilo de jogo tem se caracterizado como marca registrada do treinador Renato Paiva
A linha entre um grande plano e um desastre é muito tênue no futebol. Aqui, tudo é permitido ser feito, desde que sua execução seja fiel a essência da ideia e não prejudique o time. No Bahia de Renato Paiva, a defesa tem recebido holofotes neste início de temporada. Isso porque, no plano de jogo do português, a saída ‘limpa’ pelo chão desde o goleiro e defensores é imprescindível.
A estratégia, que não é nenhuma novidade no esporte, é criticada por parte da torcida. O argumento usado é o do alto risco que há em colocar jogadores que não tem por formação grande habilidade com passes e apoios, para fazer isso em uma zona fatal do campo. Na estreia do Nordestão, contra o Sampaio Corrêa, o Bahia perdeu por 1 a 0 graças a um erro bizarro na saída de bola. Depois de receber passe do zagueiro Raul Gustavo, o goleiro Marcos Felipe dominou errado e deixou de bandeja para o adversário marcar.
Em duelo mais recente, o primeiro Ba-Vi do ano poderia ter tido outro resultado. Quando o Tricolor tinha a vantagem no placar, quase tomou o empate. Após passe muito forte de Kanu, em momento que o time do Vitória subiu para sufocar a marcação, Acevedo não conseguiu amortecer a bola e ela sobrou limpa para Raphinha marcar. A sorte do Esquadrão foi que o atacante escorregou no momento do chute, e mandou por cima do gol.
Outros momentos, que não renderam chances tão claras aos rivais, também já foram vistos. Além de um técnico novo, os 11 titulares são em grande maioria recém-contratados, o que deixa o processo de adaptação ao modelo de jogo de Paiva ainda mais complexo.
Benéfica
Se a estratégia de saída pelo chão, com apoio dos zagueiros e meio-campistas existe é porque há ganhos reais com isso. O Barcelona, da Espanha, por exemplo, tem em seu DNA futebolístico tal artifício. Treinadores como Guardiola, do Manchester City, e Arteta, do Arsenal, utilizam a ideia. No Brasil, Fernando Diniz, do Fluminense, é um defensor convicto do mecanismo há diversos anos e tem isso como uma marca individual.
Ao sair jogando por baixo com o goleiro e zagueiros, o conceito é fazer uma arapuca para o adversário. Trazer os meio-campistas para perto dos zagueiros para ter suporte e espaçar os laterais, para abrir o campo. Assim, quando o goleiro sai com os pés, naturalmente o oponente se vê obrigado a pressionar a saída. Com a presença de meias na base da jogada, o rival sobe sua linha e vai com muitos jogadores para apertar a saída.
Aí entra o engano, já que com toques rápidos e inteligentes, é possível vencer essa pressão rival. Quando dá certo, é lindo: o time tem todo o espaço das costas dos jogadores adversários que subiram livres para utilizar. Em velocidade, com superioridade numérica e com campo para ocupar, as chances são boas de um ataque interessante ocorrer. Para que dê certo, porém, é necessário grande assimilação dos movimentos por parte dos atletas, que precisam ocorrer de forma coordenada e coletiva. Por isso, o tempo de treino é fundamental.
Na balança de prós e contras da saída de bola, Paiva é sucinto: é mais benéfico do que prejudicial. Após o triunfo no Ba-Vi, o comandante Tricolor comentou sobre o tema: “Se a partir de amanhã eu só jogar com chutão para frente, a torcida vai dizer que não é futebol, e eu vou concordar. O erro nesta fase da temporada é normal, e a torcida precisa se preparar para isso”, afirmou o treinador português.
Em números, inclusive, a linha de defesa do Bahia não vai mal nesta temporada. São apenas 5 gols sofridos em 7 jogos oficiais até aqui. Média inferior à um gol sofrido por jogo. No período, a dupla que mais se repetiu foi Kanu e Raul Gustavo, em seis partidas.
O Esquadrão treinou na manhã de ontem na cidade de Ilhéus para, então, retornou a Salvador. No sábado, o Tricolor entra em campo na Arena Fonte Nova contra o Ferroviário, pela Copa do Nordeste.
Fonte: A tarde
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