Programação reúne centenas de profissionais com ritos religiosos, apresentações culturais e homenagens à tradição.
O Dia das Baianas de Acarajé é celebrado, nesta terça-feira (25), com uma extensa programação no Centro Histórico de Salvador. As atividades começaram às 9h, com uma missa na Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, reunindo profissionais que representam uma das tradições mais conhecidas da cultura baiana. Em seguida, um cortejo acompanhado por banda percussiva saiu pelas ruas do Pelourinho em direção à Praça da Cruz Caída.
Às 12h50, as baianas participam de um almoço comemorativo preparado para 400 profissionais, momento que inclui ainda sorteio de brindes. A programação segue a partir das 14h30, com apresentações culturais de três grupos populares. O encerramento está previsto para 18h30, mantendo a tradição de celebrar a profissão ao longo de todo o dia.
Importância histórica e cultural do ofício
O ofício das baianas do acarajé considerado uma das primeiras atividades profissionais exercidas por mulheres no país foi registrado, em 2004, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan). As primeiras baianas eram mulheres escravizadas que alcançaram a alforria e passaram a vender acarajé pelas ruas da capital baiana, prática que se mantém viva como elemento central da identidade cultural da Bahia.
O reconhecimento municipal da profissão ocorreu em 1998, reforçando a formalização do ofício. Atualmente, segundo a Associação das Baianas de Acarajé, Mingau e Receptivos, cerca de 3.500 profissionais atuam em tabuleiros espalhados pela capital baiana. A data é celebrada nacionalmente desde 2010, a partir de uma lei federal que instituiu o dia dedicado à categoria.
Nova lei municipal reforça proteção ao ofício das baianas como patrimônio imaterial de Salvador
Mesmo após o reconhecimento nacional concedido pelo Iphan, o ofício das baianas de acarajé e mingau passou a contar, em Salvador, com uma nova legislação municipal que consolida a atividade como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. A medida, aprovada pela Câmara Municipal, amplia a proteção a esse saber tradicional e estabelece mecanismos de incentivo, registro e ações permanentes de valorização.
A atualização normativa garante que práticas associadas ao preparo, comercialização e transmissão do conhecimento elementos centrais dessa tradição sejam preservadas localmente, reforçando sua importância histórica, cultural e econômica. A lei se soma às iniciativas de reconhecimento já existentes e fortalece a responsabilidade do município na salvaguarda desse ofício, sobretudo em um momento de maior visibilidade proporcionado pela celebração do Dia Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau.
Homenagens destacam legado e força das baianas
Neste ano, as homenagens institucionais também marcaram a celebração. A Prefeitura de Salvador destacou o papel das profissionais em sua conta oficial no Instagram.
“Saudamos as Guardiãs do tabuleiro, mulheres que transformam alimento em tradição viva!”, disse a prefeitura em post no Instagram.
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) também celebrou a data. Segundo o petista, as trabalhadoras preservam a identidade cultural baiana e fortalecem a relação da população com a ancestralidade africana.
“Hoje é dia de celebrar aquelas que mantêm acesa uma das tradições mais fortes da nossa Bahia: as baianas de acarajé. Reconhecidas como patrimônio cultural do nosso estado, elas são guardiãs de história, fé, sabor e resistência”, disse o governador.
“Com seus tabuleiros, elas preservam a identidade de um povo e enchem nossas ruas de cultura e afeto. Viva as baianas de acarajé!”, completou.
Relembre: revalidação do registro e selo dos Correios ampliaram reconhecimento
Em celebrações do ano passado, o Dia das Baianas de Acarajé também foi marcado por uma série de homenagens e eventos especiais, incluindo o lançamento de um selo comemorativo dos Correios e a homologação da revalidação do registro especial do ofício, confirmada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac).
A programação teve missa na Igreja do Rosário dos Pretos, cortejo no Centro Histórico e um almoço para 400 baianas, além de apresentações musicais na Praça da Cruz Caída. O reconhecimento reforçou o papel histórico e cultural da categoria, como destacou na época a coordenadora nacional da Abam, Rita Santos, celebrando a conquista como “resultado de anos de luta por reconhecimento e valorização”.
A Abam também lançou, naquele ano, o game “A Receita do Acarajé de Ouro”, criado para aproximar o público jovem da tradição. O jogo apresenta uma protagonista que deseja se tornar uma baiana de acarajé e percorre pontos turísticos de Salvador enquanto aprende sobre o ofício. Além disso, a associação desenvolve uma pesquisa sobre problemas respiratórios e outras questões de saúde que podem estar relacionadas à exposição constante à fumaça do dendê.
Fonte: Muita Informação



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